HELENA D. AMARO, MARIA-JOÃO ALVAREZ, & JOAQUIM A. FERREIRA
Resumo
A investigação mostra que os estudantes universitários heterossexuais ainda se expõem a risco sexual, nomeadamente riscos que dizem respeito ao uso inconsistente do preservativo. Não obstante, em Portugal os estudos estão mais centrados na análise da presença/ausência de comportamentos de risco/proteção e menos nos fatores que os explicam. Foi nosso objetivo explorar as perceções de estudantes universitários portugueses sobre proteção sexual e indagar sobre as suas barreiras e facilitadores, bem como sobre diferenças de género nesta dimensão da saúde sexual. Para o efeito foram dinamizados oito grupos focais compostos por 47 estudantes (64% homens, M=21.4 anos e DP=2.9) e os dados analisados qualitativamente. Os participantes reconheceram que nos relacionamentos ocasionais o uso do preservativo é a norma, apesar de existirem inconsistências. Nos relacionamentos regulares, o uso do preservativo cessa, sendo fraca ou inexistente a comunicação sobre a decisão de deixar de o utilizar, bem como sobre o despiste de Infeções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) para informar a decisão. Além destas barreiras específicas à proteção sexual, os participantes identificaram outras, gerais, como o facto de a preocupação dos jovens ser, mais do que evitar doenças, evitar a gravidez, o consumo de álcool, o significado (negativo) atribuído ao preservativo e às ISTs. A informação e o acesso a meios de proteção sexual foram referidos como facilitadores. Barreiras e facilitadores são sobretudo de natureza social, relacional e contextual e o género é entendido como uma provável barreira à proteção sexual de homens e facilitador da proteção das mulheres. Destaca-se a importância de desenvolver programas de educação para a saúde sexual no ensino superior, adaptados às reais dificuldades/necessidades dos estudantes universitário.
Palavras-chave
Proteção sexual, uso do preservativo, barreiras e facilitadores da proteção sexual.
Aceder ao Artigo em PDF